Hoje descobri como caminhar pelas ruas da minha cidade é bonito. Suas ruas sujas e cinzas, suas calçadas irregulares, seus cidadãos sujos e imundos, seu lixo ao qual tropeço, emporcalham as ruas. Devo admitir que aqui, como em qualquer cidade é assim, grandes aglomerados de vida urbana se difundem na paisagem que faço parte.
Hoje caminhei com um vaso de flor, e por mais comum que pareça um gesto desses, eu notei olhares e risadas vindo de toda a parte. O que, Santo Deus, pode haver de errado em um vaso de flor sendo carregado pelas ruas? Claro, esse gesto não é visto no dia-a-dia, ou pelo menos não por mim, o que causa uma difusão nas mentes das pessoas, uma paisagem cinza e agressiva onde passeia uma imagem colorida e delicada, acaba sendo notada como um intruso.
Eu, sinceramente, acreditava que esse gesto não atrairia a atenção de ninguém, porque na minha cabeça, eu achava que ninguém presta atenção em sua volta. Não, eles prestam, mas prestam apenas quando se interessam por aquilo. Se interessam quando aquilo vai trazer alguma coisa que possa fazer parte do seu mundo individual e preconceituoso. Ao ver uma mulher bonita na rua, logo na há ninguém que passe sem olhar, mas quando um mendigo precisando de cuidados é chutado por seus pés, não é notado. Interessante.
Acho que assim está certo, pois um mendigo não é nada além de uma pessoa que não chamou a atenção dos outros em toda sua vida, não é?! Por que, agora, deveria chamar.
segunda-feira, julho 04, 2005
Paisagens Urbanas III
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