Existe uma profecia maia, asteca
ou egípcia, enfim, de alguma dessas civilizações perdidas há muito que dizia
que quando o céu encontrasse a terra, um novo ciclo de vida iniciaria. Sempre
fui muito cético, óbvio, porque fisicamente a coisa toda dessa profecia é
impossível, e nunca acreditei muito que a vida fosse feita de repetições.
Contudo, cheguei tão perto dela
quanto era possível.
A coisa toda da profecia se
tornou real quando vi a mim mesmo no fundo daqueles olhos azuis, como quem
contempla o divino. Suas duas mãos cobriram o sorriso que se formava levemente,
fazendo amanhecer o dia em seu rosto, mas fiz questão de segura-las o mais
firme que pude, para que as nuvens dos dedos não pudessem oculta-lo. Disse a
mim que não acreditava, e respondi que só agora acreditava.
É piegas? Sim. É clichê? Também.
Alguém acha essa narrativa aí ligando o céu ao olhos, o sorriso ao sol, minha
barba à terra e o nosso beijo como a forma de expressão de uma antiga profecia
a coisa mais água com açúcar? Óbvio. Mas mesmo assim... aí está.
Perguntei se queria vinho ou chá,
disse os dois. O sol se abriu novamente quando fiz menção de servir o vinho na
cunha do chimarrão. A coisa toda é assim mesmo, muita brincadeira, muita
gracinha, tudo é motivo para rir, se olhar, se tocar, se beijar. Felicidade em
pequenas coisas, tão repetido em textos quanto textos sobre amor foram
escritos. Mas mesmo assim... aí está.
Minha barba castanha agora tem
fios de mais de três cores, entre elas o branco. Mas os fios do seu cabelo
também se mostram multicoloridos, especialmente essa aí. Sempre fiquei muito intrigado
com isso, por achar que o branco – a sabedoria – era a união de todas as cores.
E é, portanto, a cor que marca um novo início, ao menos na nossa vida. O céu
encontra a terra e um novo ciclo. Nada menos cético do que isso, nada mais
apaixonado do que isso. O que para um cético não é nada menos do que acreditar, e para um velho nada mais que nascer de novo, mas mesmo assim... cá estou.
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