quinta-feira, junho 30, 2005

Gárgula Pedra.

Fui obrigado a escrever o mesmo que meu amigo gárgula escreveria se soubesse escrever. Eu fui obrigado a escrever sobre a pedra que esconde o pôr-do-sol. Uma pedra que, dizem lá na igreja onde o meu amigo de pedra está preso, é a sagrada ou pode ser a sagrada pedra que jogaram na cruz. E como todo objeto sagrado atrai muitos peregrinos, é normal e não que ela seja tirada de lá, mas junto com os peregrinos vem as oferendas. E essas oferendas é o que impede que, mesmo com todos os pedidos calados do meu amigo gárgula, seja retirada dali. Mas eles não entendem o que é ficar todos as horas, todos os minutos, todos os segundos de sua vida de estatua querendo ver o pôr-do-sol, mesmo sem poder ver, sem saber o que é. Gárgula me disse, de seu modo calado, que escrevesse sobre isso. Escrevesse de maneira que quem lesse entendesse. Entendesse e se emocionasse com seu sofrimento calado e seu inevitável silencio contra a religião que o prende de maneira sólida contra a laje obstruída pela pedra santa que jogaram na cruz. Gárgula não disse, mas eu pensei: como pode a pedra que jogaram na cruz, estar ali, obstruindo sua visão do pôr-do-sol? Ou seria isso mentira? (...)

Nota da segunda edição. Após a primeira edição, Gárgula de Pedra, como era seu nome, sofreu um acidente. Ele foi derrubado no chão e resumido a milhares de pedaços. Dentre estes, eu encontrei um que era vermelho. Vermelho como sangue, mas duro como pedra. Eu comuniquei à igreja, e eles falaram que o Gárgula havia cometido suicídio. Mas eu não acredito. Eles devem estar mentindo.

Nota da terceira edição. Meus familiares morreram após a publicação das alterações que da segunda edição. Eu procurei o padre, e ele disse que tinha sido Deus que havia chamado eles. Mas quem tinha feito a entrega? (...)

Nota da quarta edição. Obituário. Morreu nesta quinta feira, o escritor deste conto. Sem muitas indagações sobre sua morte, aparentemente natural. Ou seria...?


quarta-feira, junho 29, 2005

Por que o Nerd não pode ser Feliz?

A respeito da Verdade absoluta, e do mesmo modo que o conhecimento absoluto funciona. Para alguma coisa ser considerada verdade e o Ser Humano acredite, por mais simples que seja, é preciso que não exista nada que diga que não é. é assim no sentido científico e assim na questão de crença. Então a verdade absoluta necessita de unanimidade, caso contrario, ela não seria considerada verdade. Não é difícil de entender, que quanto mais se vive, mais se aprende, é assim com os Homens, e conseqüentemente, assim com a Humanidade. O universo do conhecimento Humano é tão ínfimo que torna o caminho para o conhecimento absoluto mais longo do que o Homem pode caminhar. Desta maneira, mesmo que o Homem acabe por descobrir tudo, é impossível que ele consiga sozinho armazenar todo conhecimento. Então a Verdade Absoluta é questão de crença, ou seja, ela é aquilo que o Homem acha que é. (...)

Sobre a ignorância Humana e suas formas de felicidade através do conhecimento. Já se ouviu falar e já é entendido que é impossível saber tudo. Assim o Homem é um ignorante por natureza e não se pode mudar isso. Nascemos ignorantes e morremos ignorantes, mas com um pequeno grau de conhecimento adquirido durante a vida. Todo Ser Humano adquire o mínimo de conhecimento para se manter vivo, caso contrario estaria morto. Esse conhecimento mínimo varia conforme o tempo e o espaço. Um ignorante pode ser dividido em 2 categorias, de acordo de como encaram seu conhecimento:

Ignorantes que não sabem que não sabem, e acham que sabem, esses são os mais ignorantes e os mais felizes. Ignorantes que sabem que não sabem, esses são menos ignorantes e infelizes, a não ser que não se importem em não saber. Esses são felizes. Não por conhecimento, mas por outros fatores. Quanto mais se adquire conhecimento, mais se procura adquirir, e quanto mais se consegue, mais sabe-se que não é possível conseguir. Então a felicidade através do conhecimento se dá quando não se busca conhecimento, porque quanto mais conhecimento buscar, menos felicidade se consegue, por uma questão de frustração. Assim, buscar a felicidade através do conhecimento é impossível e negativa no sentido de causar infelicidade.

terça-feira, junho 28, 2005

Juliana Casa Verde.

Certa vez, como no inicio de toda historia, a jovem Casa Verde procurava por uma definição. Mas não uma simples definição. Ela procurava por uma definição que definisse o próprio ato de definir. isso mesmo, ela queria uma definição complexa e verdadeira, porque uma simples nunca chegariam a ser definidas por definição. Ponto. alguma coisa estava errada: como pode o escritor deste conto usar tantos, e infames, trocadilhos?

Certa vez, como num simples ato de definição, Casa Verde se voltou para o espelho e se definiu. mas não se definiu sendo o que estava vendo, se definiu sendo exatamente aquilo que não era, porque é desta maneira que os Seres Humanos se definem. Ponto.

Ali, na frente do espelho, ela sorriu. sorriu por ter descoberto aquilo que todos já haviam descoberto. sorriu por estar chegando onde todos já haviam chegado e que dali não saiam. de Lugar Nenhum. Simplesmente não sabia se definir. poderia dizer que tinha defeitos e qualidades que só haviam nela, poderia dizer e soletrar sua aparência física, seus gostos culinários, musicais, sua história de tras para adiante. mas seria isso a verdadeira definição? seria essa a complexa e madura definição que estava se propondo a definir? Não. Não e Não. aquilo era o simples. aquilo era mundano. e na superficie da loucura ela se jogou contra o espelho. mas o espelho não se quebrou. ela involuntariamente se passou para o outro lado. Agora ela era a imagem. Ponto.

Loucamente repetiu na língua que de maneira estranha havia aprendido: "Bekijken of de door u ontvangen berichten naar...". talvez o que tivesse dito ali era sua definição. talvez a sua verdadeira definição somente ela entenderia, ou então faltavam palavras no seu vocabulário para tamanha definição."...een adressenlijst of alleen naar u zijn verzonden." continuou a frase, como se soubesse o que estava dizendo. mas no fundo sabia, palavras são apenas palavras, e elas não definem a verdade que elas tentam definir. coloque as letras juntas e terá palavras, não definições. Casa Verde era mais do que as palavras poderiam dizer. Ponto final

segunda-feira, junho 27, 2005

A existência do nada.

O nada depende de sua existência para se deparar com o conceito de ser ele mesmo! A existência do nada é imatura no sentido de causar inconstância nela mesma! Seria então, preciso que o nada parasse de existir para realmente existir o tudo? Ou dependeria o nada do tudo para existir, para ser nada além de tudo que nada tem? Os peixes nadam em tudo que água tem. Trocadilhos em tudo que em nada a ver?