domingo, agosto 26, 2007

O teu amor e as Estrelas.

Pela janela não dava para ver coisa alguma. Como se a escuridão da noite já não bastasse, a neblina do inverno deixava ainda mais triste a imagem daquelas pessoas entrando pelo bosque.
João Ventura retirou suas mãos de garoto de 5 anos do parapeito da janela e se deitou na cama para dormir. O sono veio rápido, diferente dos sonhos - que, desta vez, nunca mais vieram. Durante o sono, ficou pensando em como poderia ser aquilo: Tão estranho, tão diferente, tão preguiçoso...
A vida é um mistério.
Maior mistério ainda é como ele poderia ver a si mesmo, sem estar fora de si. Sem estar dentro de si. Sem ser a si mesmo.
No limiar da loucura, voltou a sonhar.
Acordou pela manhã e viu seu mais belo desejo vir a realizar-se: nada havia mudado. Todas suas coisas estavam ali, no mesmo lugar. Ali mesmo, em cima da cama, ao lado da mesa, em baixo do armário. A conversa na cozinha, agitada pelo café da manhã, entrava pela porta porta do quarto. O seu apreço pelo cheiro, mostrava que estava com fome.
Levantou-se da cama, vestiu seus chinelos e se arrastou atá a porta - abriu-a. Deu um passo a mais e percebeu que suas mãos já não eram mais de garoto de 5 anos - enfim, tudo estava normal novamente, havia tudo mudado: tinha 40 anos mas a vida ainda era um mistério.

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