Já vem raiando a madrugada,
E daquele lado de lá da rua
Desce uma formosa Santa mulata
Que todos creem ter a sua
Alma imaculada.
São tantos os provérbios
Que já narram suas histórias,
Só não aceitam aqueles verbos
Que desfazem as suas glórias.
Por ter deixado a ver navios
Uma porção de marinheiros,
Foram todos esquecidos
Em ilhas vazias sem pesqueiros.
Certa vez por capricho,
Outras tantas por dinheiro,
Driblava o sono dos maridos
Limpando o cofre por inteiro.
Saía em capitais a passeio
Fingindo a todos que a trabalho,
Enquanto muitos acreditavam
Pagavam do seu esforço o salário
Que embolsava sem receio
Dando esmolas aos condenados,
Achavam-se todos no recreio
Por ter ela a eles ajudado.
E no fim todos a aplaudiam,
E as vezes até mesmo oravam,
Pedindo a Santa que do vazio
Da alma de todos fosse cuidado.
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