Já vem raiando a madrugada,
E daquele lado de lá da rua
Desce uma formosa Santa mulata
Que todos creem ter a sua
Alma imaculada.
São tantos os provérbios
Que já narram suas histórias,
Só não aceitam aqueles verbos
Que desfazem as suas glórias.
Por ter deixado a ver navios
Uma porção de marinheiros,
Foram todos esquecidos
Em ilhas vazias sem pesqueiros.
Certa vez por capricho,
Outras tantas por dinheiro,
Driblava o sono dos maridos
Limpando o cofre por inteiro.
Saía em capitais a passeio
Fingindo a todos que a trabalho,
Enquanto muitos acreditavam
Pagavam do seu esforço o salário
Que embolsava sem receio
Dando esmolas aos condenados,
Achavam-se todos no recreio
Por ter ela a eles ajudado.
E no fim todos a aplaudiam,
E as vezes até mesmo oravam,
Pedindo a Santa que do vazio
Da alma de todos fosse cuidado.
domingo, agosto 30, 2009
sábado, agosto 15, 2009
Soneto Para Levar do Brasil
Se carrego nesta pequena mala
As minhas mais limpas lembranças,
É porque, ao sair daquela sala,
Tinha terminado a minha mudança.
Iria eu, pousando o avião,
Esquecer quem eu era?
Posso garantir de antemão
Que não é isso que me espera.
Sei que do outro lado do oceano
Tocando de ouvido um piano
Escutarei sempre um ritmo anil.
Mesmo que morra de saudade
Dançarei de felicidade,
Pois levei tudo do Brasil.
As minhas mais limpas lembranças,
É porque, ao sair daquela sala,
Tinha terminado a minha mudança.
Iria eu, pousando o avião,
Esquecer quem eu era?
Posso garantir de antemão
Que não é isso que me espera.
Sei que do outro lado do oceano
Tocando de ouvido um piano
Escutarei sempre um ritmo anil.
Mesmo que morra de saudade
Dançarei de felicidade,
Pois levei tudo do Brasil.
domingo, agosto 02, 2009
Soneto Político da Deliberação dos Egos
Proponho nos seguintes termos
A mais completa e audaciosa votação:
Decidiremos frase à frase o que pudermos
Deste poema e de todos os outros em poetização.
Devo impugnar vossa ilustre iniciativa
Pelos poderes a mim delegados.
São tantas funções por mim já exercidas
Que não há mais lugar para convidados.
O que devemos fazer quanto a isso?!
Se não nos é mais facultado o lícito
De preencher igualmente o nosso ego!
Impedir a nossa natural usurpação
Seria a mais egoísta manifestação,
Ainda pior que calar um cego!
A mais completa e audaciosa votação:
Decidiremos frase à frase o que pudermos
Deste poema e de todos os outros em poetização.
Devo impugnar vossa ilustre iniciativa
Pelos poderes a mim delegados.
São tantas funções por mim já exercidas
Que não há mais lugar para convidados.
O que devemos fazer quanto a isso?!
Se não nos é mais facultado o lícito
De preencher igualmente o nosso ego!
Impedir a nossa natural usurpação
Seria a mais egoísta manifestação,
Ainda pior que calar um cego!
Soneto do Amor em Fatias
Para dias frios ou quentes,
Chuvosos ou ensolarados;
Pessoas tristes ou contentes
Devem provar do ensopado.
Aqueça dois quartos de carinho
E misture bem com precisão;
Salpique tudo com um beijinho
Não esquecendo de dar a mão.
Derreta seu orgulho em banho-maria
Elaborando o maior e melhor prato-do-dia
Não deixando esfriar por desatenção.
E é só ministrar sempre com alegria
Untando o amor à sabedoria.
Serve em fatias mais de um milhão.
Chuvosos ou ensolarados;
Pessoas tristes ou contentes
Devem provar do ensopado.
Aqueça dois quartos de carinho
E misture bem com precisão;
Salpique tudo com um beijinho
Não esquecendo de dar a mão.
Derreta seu orgulho em banho-maria
Elaborando o maior e melhor prato-do-dia
Não deixando esfriar por desatenção.
E é só ministrar sempre com alegria
Untando o amor à sabedoria.
Serve em fatias mais de um milhão.
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