Dizem, e queremos acreditar,
Que do tempo não sobra nada
E a mentira, que é a prova do amar,
Não é maior do que a lembrança guardada.
Teu olhar e teu sorriso ainda esperam
O meu gesto e o meu falar cotidianos,
Mas com salutar ironia ignoramos
O tempo e a mentira que nos pregam.
Enfim o acaso sentiu o desgosto
Com a patente maior do que o seu posto
Obrigando o sentimento a hibernar.
E todo esse tempo de espera
Não foi nada além de um sopro que não supera
O nosso sempre vicioso retornar.
sexta-feira, maio 29, 2009
segunda-feira, maio 25, 2009
Soneto do Arrependimento
São estas as lágrimas caídas
Em nossos corpos largados,
Em cima de uma colcha roída
Que nos serve de arado?
São estas as nossas feridas
Remendadas pelos retalhos,
Fortes e longas corridas
Que à felicidade nos dão atalhos?
Hoje, se pudéssemos retornar àquele dia
Seria com uma doce alegria
Que eu diria que não.
Mas como não se pode emendar a dor
Carregamos todo o nosso rancor
Fingindo que não nos houve união.
Em nossos corpos largados,
Em cima de uma colcha roída
Que nos serve de arado?
São estas as nossas feridas
Remendadas pelos retalhos,
Fortes e longas corridas
Que à felicidade nos dão atalhos?
Hoje, se pudéssemos retornar àquele dia
Seria com uma doce alegria
Que eu diria que não.
Mas como não se pode emendar a dor
Carregamos todo o nosso rancor
Fingindo que não nos houve união.
domingo, maio 24, 2009
Soneto da Precipitação
Ao quebrarmos o nosso gelo
Veio dele a inundação
Sorte nossa nunca te-lo
Derretido em ilusão.
Pois ao estarmos fazendo a nossa história,
Ao desejarmos a todos a nossa glória,
Não vimos aí o inevitável molejo
Que se anunciava com o relampejo:
Assim caiu a chuva sem o agrado
De nós que estávamos no telhado
A solucionar a solução.
Não é que não fosse a hora
Mas ao raiar de nossa aurora
Erramos a ocasião.
Veio dele a inundação
Sorte nossa nunca te-lo
Derretido em ilusão.
Pois ao estarmos fazendo a nossa história,
Ao desejarmos a todos a nossa glória,
Não vimos aí o inevitável molejo
Que se anunciava com o relampejo:
Assim caiu a chuva sem o agrado
De nós que estávamos no telhado
A solucionar a solução.
Não é que não fosse a hora
Mas ao raiar de nossa aurora
Erramos a ocasião.
sexta-feira, maio 22, 2009
Soneto da Hesitação
Os laços que me ligam
São os mesmos de teus cabelos
Fitas coloridas que salientam
a reticência de meus anseios...
Se fosse eu igual a você
Seríamos elegantes arrestos
Presos junto aos protestos
De uma vida sem porquê.
Mas estamos os dois aqui parados
Manequins apaixonados
Surdos pela hesitação
Queremos nos encontrar
E juntos, os dois, orar
Mas não cruzamos a mão.
São os mesmos de teus cabelos
Fitas coloridas que salientam
a reticência de meus anseios...
Se fosse eu igual a você
Seríamos elegantes arrestos
Presos junto aos protestos
De uma vida sem porquê.
Mas estamos os dois aqui parados
Manequins apaixonados
Surdos pela hesitação
Queremos nos encontrar
E juntos, os dois, orar
Mas não cruzamos a mão.
Soneto de Jacarandá
Longe de casa, nao pude deixar
Aquela vidinha interessada:
Minha doce e ingênua calçada
Destas ruas de jacarandás.
Segurando uma agulha em forma de peixe
Posta em mistério a costurar
Suas mais novas experiências
Em um manto a lhe enfeitar.
Meu olhar queima feito a tocha,
Mas meu rosto é firme como a rocha
Nestes momentos de pesar.
Só compreende esta menina
Quem já soprou pelas narinas
E fez o mundo inteiro rodar.
Aquela vidinha interessada:
Minha doce e ingênua calçada
Destas ruas de jacarandás.
Segurando uma agulha em forma de peixe
Posta em mistério a costurar
Suas mais novas experiências
Em um manto a lhe enfeitar.
Meu olhar queima feito a tocha,
Mas meu rosto é firme como a rocha
Nestes momentos de pesar.
Só compreende esta menina
Quem já soprou pelas narinas
E fez o mundo inteiro rodar.
sábado, maio 09, 2009
Poema do Pequeno Bretanha
Se me fosse dado dar tal conselho
Com certeza ele não seria aproveitado
Mas como o discernimento no nascimento é vago
Aproveito o momento e intrometo o bedelho:
Seja apaixonado!
Há mais calor no amor de quem caminha
Pois há muita estrada nesta vida
Como se dizia antigamente, o amor é nossa cachaça
um vício que, aos errantes, enche de graça.
Viemos, nascemos sem vintém
e na volta, se sabe, se segue igual,
Mas criança, não me leve a mal
Se durante a vida, quem tem
lhes pareça ser alguém
Especial.
Se algum dia, ou até dois,
Vierem a baixar-vos a cabeça
com aquela induzida tristeza
que vos bate por ser quem sois
Ignore tal vileza!
Faça deste acaso um motivo
Dê uns dois no pé do ouvido
Daqueles que só te viram pelas janelas
a face errada de teu sorriso.
Com certeza ele não seria aproveitado
Mas como o discernimento no nascimento é vago
Aproveito o momento e intrometo o bedelho:
Seja apaixonado!
Há mais calor no amor de quem caminha
Pois há muita estrada nesta vida
Como se dizia antigamente, o amor é nossa cachaça
um vício que, aos errantes, enche de graça.
Viemos, nascemos sem vintém
e na volta, se sabe, se segue igual,
Mas criança, não me leve a mal
Se durante a vida, quem tem
lhes pareça ser alguém
Especial.
Se algum dia, ou até dois,
Vierem a baixar-vos a cabeça
com aquela induzida tristeza
que vos bate por ser quem sois
Ignore tal vileza!
Faça deste acaso um motivo
Dê uns dois no pé do ouvido
Daqueles que só te viram pelas janelas
a face errada de teu sorriso.
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