quinta-feira, setembro 20, 2007

Fio dos Olhos

Quando não te vejo
Vejo em você o meu desejo
De te ver, de te ter mais uma vez.

Pobre dos meus olhos querem fugir,
Sem, aqui, poder sentir
O calor da contradição: a tua visão.

E é isso:
Fechado dei um sumiço
Nestes pequenos olhos de mestiço
Que vagueiam sem direção.

sábado, setembro 15, 2007

Na Maciota.

Te encontro e te conto o que fiz,
Te agarro, te faço feliz.
Sem declaração, sem cartinha
Sabes que é uma gracinha
Vestida com esse brio?

Vê se não toca no assunto
Não sou nenhum bruto,
Só quero uns amassos
Para preencher os espaços
Deste meu vazio.

Às escondidas,
Em tardes perdidas
Sem muita trova,
O que quero é uma prova
Da delícia que é estar juntinho
- ah! esse teu corpinho...

Eu sei que não valho nada
Mas você que é a culpada
D'eu te ter na minha mão.

(tempo de troca)

E ele me pega com força,
Diz que não sabe se vai voltar
E eu em casa a esperar...
A comida eu preparo todo dia,
Que agonia!
Ele sabe me usar...

Limpo a casa, agoniada
O que ganho é enfada
Além da saudade que me visita
E arde,
Até que ele volta, do nada,
E eu, nem alarde.

Deve ser o cheiro dele,
Que faz com que eu me destrambelhe
Perca a razão,
Só queira sua mão
No meu corpo moreno
Esse mundo é pequeno,
Quando me deita no chão...

Me faz e desfaz
E some de novo, como só ele sabe
Como lhe cabe - não sei, não.

Samba dos Reclames do Bordel.

Meu coração é feito chama,
Quando acordo, meu Deus me dana
Pois já cumpri minha missão.

Sabes das minhas mulheres,
11 delas, a todas queres
Mas não são minhas, não.
São todas do meu bordel
Anjos caídos aí do céu
Que dão alento e Sofreguidão.

E isso não vai ficar assim,
não vais roubá-las de mim
- Esse sujeito não tem colhão!
Se sair por esta porta
Escute bem, te dou por morta
Essa é a minha maldição!

(tempo)

Ei, você! volte aqui
Eu nunca te iludi
Te dei um tanque e um fogão
E agora, como cê me paga?!
Três coronéis e uma noitada,
Depois a fuga e o Safanão!

Este aqui é o bordel
Pedaço cá do céu
Pra quem sofre de solidão.

quarta-feira, setembro 05, 2007

Samba da Cara de Tristeza que Não Tem Mais Fim.

Eu pensei que ia dar,
que poderia aguentar,
mas deste jeito, não.
Vamos resolver logo isso,
formar um compromisso,
esquecendo a solidão;

sentado ao teu lado,
coração apertado -
oh, que triste ilusão...
eu não tenho mais fim,
não caibo mais em mim,
quero toda atenção...

Essa história é pequena,
eu imploro, morena,
não faça isso, não.
dessas duas, te dou uma:
ou escolhe só, tu e a lua,
quem te trás mais felicidade...

ou te roubo do bocó,
sem dó
nem piedade
e te levo à outra cidade.