domingo, janeiro 22, 2006

A estrada leva à algum lugar

Parece que o amor chegou, mas não é verdade. João Ventura continua ali, olhando entre as árvores e esperando que o pássaro retorne para seu ninho. Ele tenta não parecer tão abstrato, mas é isso que ele passa em seu olhar. Talvez João Ventura esteja procurando ele mesmo, ou quem sabe, apenas observando o pássaro. Ele diz que agora a pouco passou um pássaro aqui, que era verde e azul – daqueles que não foram descobertos ainda. Eu, na verdade, me recuso a fazer as comparações entre pássaros e amores pelo obvio motivo de isso já ter sido feito milhões de vezes. Eu tenho medo, João tem medo: somos diferentes, mas temos todos temos algo em comum. Alguns mais otimistas procurariam pontos “melhores” para nos comparar. “Nós” os Seres Humanos. E eu nem sei por que coloquei em letras maiúsculas. Vai ver é o que procuramos: fazermos-nos maiores.
João é assim, ele procura o pássaro que viu, ou pensou ter visto, retornar. Sabe-se lá o motivo. É apenas um observador de pássaros. Alguém sabe o motivo para se observar pássaros? Não vou nos comprar a pássaros, pois todos os outros já nos compararam a animais – E aqui estou eu: querendo ser original. Acho melhor retornar e comparar pássaros com amores. Tem aquele velho ditado: “Quem viu o passarinho verde...”. João Ventura solta seu triste suspiro e coloca mais uma vez os binóculos. O tédio é recíproco.

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