domingo, julho 16, 2006


Duo
Ainda pulsa em cada arteria o ressonar de toda nota. Na memória a imagem, a dualidade do encontro. Ela com a delicadeza feminina, traduzindo na força do seu arco "Nigun" de "Ernest Bloch" . Ele na racionalidade masculina derramando sobre as teclas do piano, ternura na "Sonata em Sol Maior" de "Wolfgang Amadeus Mozart" . Eles nos faziam crer no amor em "canções sem palavras" de "Mendelssohn". E não precisavam mesmo de palavras, têm a música e isso basta. Dividem o palco como dividem escovas de dentes, fazem amor despudoradamente dianta de todos. O encontro da violinista e seu pianista.
E a gente espera por cada nota, como se espera pelo amor desencontrado, desejosos de um lar pro coração...e no final de cada frase, despensamos os aplausos desnecessarios dos nos trazem a realidade..
Dedicado ao Duo Maria Fernanda Krug e Antonio Ribeiro
Cinco dias utéis

Ainda ontem acordei achando que era hoje. Uma circunstância um tanto esquisita, um tanto contraria, como se tivesse esquecido algo ao sair de casa. Deixado pra tras os verbos de um dia inteiro, as lembranças de uma data próxima. O anteotem muito fresco pro meu gosto e o amanhã muito no agora...
Não me dei conta de que pulara um dia, nem da antecipação do tempo, nem do esquecimento. Segunda, terça, quinta, sexta...Não eram cinco os dias utéis? Mas pra mim não pareceu util a quarta-feira...
Só final da tarde, senti o desequilibrio. Esquecera a quarta-feira...O centro da semana. Entre a fatalidade do começo e o regozijo do final, entre o "começar tudo outra vez" e o "graças a Deus acabou". Foi então que percebi que fiquei sem saber o que esperar do amanhã: uma semana pela frente ou aproximidade do descanço. Fiquei sem nucleo...desequilibrada. Vou ter de começar tudo outra vez: segunda, terça...

sábado, julho 15, 2006

Inter-rogação?

Se eu misturar manhã, hoje e anteontem
Dá pra ser semana que vem?
Se eu colocar trilhos no ônbus tenho um trêm?
Se esquecer de lembrar eu perco a memória?
Mas se no papel colocar faço história?
E com melódia e letra? tenho canção?
Com rima, poema? Com verdade, besteira?
Com mentiras, publicação?
Se voltar no passado agora, faço futuro?
Se contar o Segredo, acabo com mundo?
Se responder as perguntas, acabo com a graça?
Se fizer você pensar, causo desgraça?
Se tirar o sapato, tenho o pé no chão?
E a cabeça nas nuvens, se perder a razão?
Se comer palavras, dislexia?
Se chorar pelos cantos, misantropia?
Se gritar baixo, faço ruído?
se trocar interrogação por exclamação,
perco sentido?

quinta-feira, julho 13, 2006

Salva minha, salva vida...

Ressuscita em mim o que já morreu... Traz à vida em mim, o que nem viveu. Me faz ir mais longe do que os passos podem me levar. Me dá sonhos impossíveis pra acordar. Um filho pra criar e problemas pra esquecer...
Traz o espelho pra me refletir. A piada sem graça que me faz sorrir. O medo que me faz temer, na anciosa coragem de sobreviver.
Me traz a noite mais feliz da minha vida, e o dia que eu quero esquecer. Me dá os motivos mágicos pra ser criança e as razões todas pra querer crescer...
Me traz as lembranças da infância e a tola esperança de envelhecer. Me dá as inseguranças das certezas e o valor do cotidiano...
Me desacostuma ao egoísmo com flores primaveris do outono...
Congela com teu calor o meu inverno, e no teu verão quero ser passado. Brincadeira de mangueira no quintal, a poeira antes do temporal. Traz o cheiro de terra molhada depois da chuva. Permanece como meia velha na gaveta, entre os papeis de bala do recreio.
Fica na poesia cansada da caneta, entre o mal que não pode ser desfeito. Traz a alegria da sensação Doce de leite Ninho com Nescau e dos pinheirinhos "que alegria" das noites quentes de Natal.
Seja toda minha vida e a metade do que não vivi...


Dedico ao sapientissimo "Peter Pan"

por Mariana (Ana e o mar)

terça-feira, julho 11, 2006

Discutindo A Relação IV.

Quanto vale uma dúzia de sapatos? Uma dúzia de cogumelos? Meia quadra de triângulos? Três quartos de meia? Uma avenida de córtex? Um monte de casacos? Uma igreja de metros? Uma bola de quadrados retangulares? La ultima estacíon? Um confessionário de beringelas? Um hamburger de pólvora? O nosso amor? Nada?! Tente de novo, estou perdendo a paciência com você! É isso mesmo! Pra todo o resto você achou uma explicação, até praquele copo descartável de café sujo de batom! Sim, eu estou calma! Eu só quero explicações! ...


Como posso definir o status de “namorando”? é o que? Um pacto? O amor é um trato? E quando acaba? É justo dizer que a pessoa está “namorando” dúzias de pessoas ao mesmo tempo? Bom, justo não é a palavra, mas que tal “verdadeiro”. Então seria “verdadeiro” dizer que a pessoa.. espere, verdadeiro não, vou usar “possível”. É! Acho que essa palavra condiz com a pergunta. Aliás, qual era ela mesma? ...


Calma, eu tenho só mais um ponto de vista que gostaria que você soubesse: Será mesmo que é possível usar duas vezes as mesmas palavras seguidas pra poder expor as idéias, mesmo que isso infrinja regras gramaticais potentes como a “prolixidade”? Não? E quanto aos móveis que você comprou, são dois iguais, e até onde eu sei, eles infringem TODAS as regras de bm senso e ninguém diz nada. Todos focam dizendo e escrevendo naquelas revistas o quanto de bom gosto você tem. Já estou cansada de tantas mentiras, quero o divorcio.